UPTEC abre candidaturas para Escola de Startups

As candidaturas para a 10.ª edição da Escola de Startups do UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto já estão abertas. O programa de aceleração de ideias de negócio tem a duração de três meses e aborda temas como o modelo de negócio, mercado e estratégia, propriedade intelectual, finanças, financiamento e apresentação do pitch.

 

As equipas que frequentarem a escola têm a oportunidade de assistir a workshops fundamentais para a criação de um negócio, agendar reuniões com parceiros estratégicos e empreendedores seniores, receber acompanhamento individual dos mentores do UPTEC e ainda de apresentar o projeto num evento público.

 

Os projetos selecionados que estejam a desenvolver tecnologias na área das telecomunicações vão ter o apoio do Vodafone Power Lab, através da entrada gratuita na Escola de Startups (isenção do pagamento da inscrição) e acesso ao espaço de incubação da Operadora no UPTEC. Este programa de incentivo à inovação e empreendedorismo da Vodafone Portugal apoia a incubação, oferece mentoring e formação, entre outras condições que contribuem para o desenvolvimento de novas empresas.

 

Em comunicado, a UPTEC refere que nas primeiras nove edições da iniciativa, a Escola de Startups recebeu para cima de 400 participantes, acelerou quase 200 projetos empresariais e deu origem à criação de cerca de 60 startups.

 

A Escola de Startups do UPTEC tem um custo por projeto de 250 euros, acrescido de IVA.

 

 

Notícia publicada em Jornal Económico


Há 15 novos inquilinos na escola de startup do UPTEC

Estão em fases diversas, mas andam à procura do mesmo, apoio para crescer, os quinze novos projectos admitidos na escola de startup do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, o UPTEC. Os novos inquilinos de vários espaços deste organismo da UP estão a desenvolver, ou já a produzir, skates de três rodas em cortiça reciclada, equipamentos para produção agrícola em ambiente urbano e soluções tecnológicas que permitem aproveitar a energia desperdiçada para alimentar equipamentos como sensores, e durante seis meses vão tentar ganhar músculo para resistirem às dificuldades dos primeiros tempos de qualquer jovem empresa.

 

Clara Gonçalves, directora-executiva do UPTEC, admite que, em cinco anos que esta estrutura leva de acolhimento, pré-incubação e incubação de novos projectos, cerca de 70%, de um total de mais de 120, ainda estejam vivos. O que não quer dizer que sobrevivam, dado que meia década é muito pouco em empresas deste tipo, dependentes não apenas da qualidade da inovação, mas também da capacidade de fazer o encontro entre o seu produto (bem ou serviço), e o mercado. Que raramente é nacional, apenas. A responsável pelo parque lembra que a literatura internacional sobre startup aponta para uma taxa de “sobrevivência” de dez por cento.

 

Isso não assusta os muitos candidatos a desenvolver uma ideia. Clara Gonçalves revela que a dada altura, a Uptec chegou a receber 120 candidaturas em três meses. Com este sistema de duas chamadas anuais, que oferece seis meses em ambiente de pré-incubação, têm sido escolhidos, em média, 23 projectos de cada vez. Desta feita o número foi reduzido para 15 para que cada elemento da equipa do parque – que vai perder um colaborador – possa acompanhar devidamente os projectos de que se torna tutor.

 

Este ano, estes terão de dar ajuda a projectos de vídeo-difusão; de estratégias transmedia para a promoção de artistas; aplicações para surf e agricultura; jogos sociais; reconstituição digital de património; engenharia e design e até lençóis biodegradáveis. Os jovens empresários ou candidatos a tal irão trabalhar na definição do modelo de negócio, identificação de clientes e mercados, melhoria de processos de design e desenvolvimento de produto, compreensão da propriedade intelectual, gestão de equipas, oportunidades de financiamento, aspectos legais e financeiras, vendas e comunicação dos seus projectos empresariais. E recebem apoio de empresas que já estão no UPTEC há algum tempo, e que já passaram pelos problemas que esta fase inicial levanta.

 

João Ventura, fundador da InanoE, acredita que essa partilha de experiências, que no seu caso acontecerá com a Healthy Road, pode ser muito útil, dado que a InanoE ainda nem sequer desenvolveu uma matriz de negócio. Este projecto, criado por cinco pessoas com formação na área da física, engenharia física e engenharia de materiais pretende desenvolver sistemas que aproveitam energia desperdiçada em electricidade capaz de sustentar o funcionamento, com autonomia, de vários produtos. Uma das suas apostas é a produção de sensores para monitorizar sistemas de abastecimento de água que possam funcionar, e enviar dados, com recurso à energia que o movimento da água produz nas canalizações.

 

Os seus mentores, os fundadores da Healthy Road, já percorreram uma parte da estrada, e podem ajudar a equipa de João Ventura no desenho do produto, em estratégias de contacto com o mercado e noutros aspectos iniciais a estes primeiros tempos de vida de um potencial negócio. A empresa que está instalada no UPTEC, na Asprela, está a testar e a vender o seu primeiro produto, o sistema Healthy Drive – que monitoriza o estado de saúde, a fadiga, a sonolência, de condutores – no Chile e no Brasil, para onde tem enviado, e continua a enviar equipas comerciais.

 

Ricardo Marques está noutra onda. A das pranchas de Surf ecológicas, para onde se está a virar, depois de ter começado um projecto de construção de skates em cortiça. A Bio Boards já vende, já alargou o negócio a roupas em materiais ecológicos, mas o seu fundador, que entretanto alargou a equipa a meia dúzia de pessoas, percebe que a rede de contactos e a partilha de experiências do UPTEC, lhe vai ser útil para encontrar um ponto de equilíbrio para o seu projecto. Que, como outros, pode vir a beneficiar, a seguir, de financiamento de capital de risco para fazer face às ondas que ainda terá de dominar, para não “morrer na praia”.

 

 

Notícia publicada no Público


WeStoreOnTex. E se a t-shirt que tem vestida recarregasse a bateria do telemóvel?

Imagine que, durante a corrida matinal, o seu smartphone fica sem bateria e deixa de poder ouvir a música que lhe marca o ritmo ou utilizar a app que monitoriza o seu exercício físico. E se o tecido da t-shirt que tem vestida fosse capaz de recarregar a bateria do seu telemóvel? É o que acontece quando se junta química, física, nanotecnologia e têxteis (ao empreendedorismo e gestão) numa tecnologia que chega do Norte, tradicionalmente ligado à indústria têxtil, e que permite o armazenamento de energia para alimentar dispositivos eletrónicos e sensores integrados na roupa.

 

Clara Pereira, 36 anos, André Pereira, 38, e Rui Costa, 26, estão por detrás da criação destes têxteis funcionais inteligentes que estão a ser desenvolvidos na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP). A WeStoreOnTex venceu, na semana passada, entre 17 projetos a concurso, o Pitch Day da Escola de Startups, iniciativa promovida pelo Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC).

 

É mesmo como uma bateria. É a mesma coisa que termos um telemóvel em cima da nossa roupa. Esse tecido seria capaz de alimentar esse telemóvel”, explica André Pereira, ao Observador.

 

O projeto começou há dois anos e meio, quando os investigadores começaram a estudar como seria possível modificar um tecido para conseguir armazenar energia. No ano seguinte, Rui Costa iniciou a tese de mestrado e integrou a equipa, numa altura em que conseguiram começar a fabricar estes dispositivos que armazenam energia no próprio têxtil. Neste momento, estão a ser trabalhados no setor do desporto, atividade física e bem-estar. Estima-se que, em 2020, este mercado atingirá os 1.500 milhões de euros em vendas, representando 17% do mercado global dos têxteis eletrónicos.

 

"Atualmente, os sensores de monitorização do ritmo cardíaco, que são integrados nas próprias peças de vestuário, ainda são alimentados por pilhas e baterias. As baterias têm problemas como a rigidez e demoram muito tempo a carregar. Um desportista que tem os timings todos contados para começar a sua atividade física não tem tempo para esperar que os dispositivos integrados no têxtil carreguem”, explica Clara Pereira.

 

O desafio passava, assim, por apresentar uma solução de armazenamento de energia em têxtil mais confortável, flexível, duradoura, segura e com maior rapidez de carregamento. Para isso, os três investigadores conseguiram substituir as pilhas por baterias no próprio tecido, sem dispositivos plásticos e fios para fazer contactos com os sensores e sem haver um “bloco rígido” na peça de vestuário, tornando-a “flexível e confortável” para o utilizador.

 

Ao mesmo tempo, os investigadores dispensaram o uso de lítio, presente na maioria das baterias, reduzindo o risco de ignição (estamos fartos de baterias que explodem, não é?)

 

"É como se fosse uma bateria normal mas não tem a tecnologia da bateria. Tem muito mais benefícios: o carregamento é mais rápido, o tecido é mais flexível e tem uma longevidade maior, ou seja, não fica viciada como as tradicionais baterias”, explica André Pereira.

 

A duração da bateria ronda, neste momento, os 30 a 40 minutos, “dependendo do tipo de energia que é necessária”, nota o investigador. Mas, adianta, está já a ser estudado o aumento do tempo de duração da bateria, que “dentro de algum tempo poderá aguentar horas”.

 

Neste momento, a WeStoreOnTex ainda não está formalmente constituída como empresa, mas tem estabelecido contactos com empresas de comercialização de têxteis (t-shirts e braçadeiras, por exemplo) e acessórios de monitorização de batimento cardíaco e respiração que poderão integrar a tecnologia desenvolvida pelos investigadores.

 

"Estamos em contacto com outras empresas da área têxtil e de acessórios para fazer a validação final do nosso produto para depois poder pensar em lançar a empresa. Estamos a tentar usar os processos que são utilizados na indústria têxtil para poder fabricar estes dispositivos. Neste momento, não podemos estar a produzir um têxtil de uma forma que só possa ser feita num laboratório. Temos de nos adaptar às condições que existem na indústria têxtil”, nota Clara.

 

Estão, neste momento, a colaborar com o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE) para perceber o tipo de equipamento e a forma como podem modificar o tecido, de acordo com o que a indústria têxtil permite.

 

André acredita que, numa primeira fase, a tecnologia será integrada em “produtos de exclusividade”, para praticantes de desporto do mais alto nível. Mas posteriormente, “dependendo da aceitação”, poderá ficar acessível ao cidadão comum. “O processo é sempre assim. Primeiro, a exclusividade a alto preço, depois começa a baixar (como nos telemóveis), até que daqui a 5, 6 anos, poderá estar acessível a todas as pessoas”, considera.

 

O projeto é financiado pelos laboratórios da FCUP, onde a tecnologia está a ser desenvolvida. A procura de financiamento está a ser uma das dificuldades apontadas pelos investigadores.

 

"Ainda se pensa que a investigação se faz de uma forma gratuita. E isso não acontece. Neste tipo de projetos tecnológicos é preciso um grande investimento na matéria-prima que é utilizada para a produção destes dispositivos”, nota Clara.

 

Enquanto vencedora da oitava edição da Escola de Startups, a WeStoreOnTex será incubada no UPTEC. Com este projeto, a equipa conquistou ainda o terceiro lugar na edição de 2016 do iUP25k – Concurso de Ideias de Negócio da Universidade do Porto no início de junho. Durante o mesmo concurso, receberam o Prémio Best Energy Business, no valor de dois mil euros, patrocinado pela KIC InnoEnergy (empresa europeia focada na educação, inovação e criação de negócios na área da energia sustentável), no âmbito das melhores ideias nas áreas das Tecnologias da Informação e da Energia.

 

Para 2017, o grande objetivo dos três investigadores passa por conseguir colocar o produto no mercado. “As empresas da área têxtil e investidores têm sentido que os wearable e as tecnologias integradas no vestuário têm potencial para chegar ao mercado, pelo próprio contexto do nosso país, em que a área têxtil é muito importante”, nota Clara.

 

 

Notícia publicada no Observador